quarta-feira, 17 de junho de 2009

Resposta ao Artigo do jornal da João Pessoa

Na edição de janeiro/fevereiro, o gerente comercial da Melnick Even garantiu, em respeito da sua proposta de um empreendimento de 19 andares na Rua General Lima e Silva, na Cidade Baixa, que está cumprindo as leis. Tecnicamente, sim, está, mas a questão tem outras considerações mais profundas, como o lençol freático, um aumento enorme de fluxo do transito numa rua já muito congestionada, problemas de esgoto e problemas de saúde para quem mora ao redor (o sombreamento vai atingir até Rua Venâncio Ares).

Estas questões estão mais salientes por causa da falta de estudo de impacto da vizinhança e do ambiente que, apesar de ser uma lei federal desde 2004, ainda não foram aplicadas pela municipalidade de Porto Alegre, cujo fato deve ser perguntado pelo todos os cidadãos de Porto Alegre: “Quais são os motivos de tanto desinteresse na parte dos vereadores do Porto Alegre para não aplicar estes leis federais aqui?”. Deve ser lembrado também que, enquanto estas leis fiquem fora da legislação municipal, nenhum cidadão está seguro em respeito de direito de luz, privacidade, entre várias outras considerações. A bela vista prometida pelo um grande empreendedor pode ser facilmente comprometido pelo um outro que resolve construir bem no teu lado. Isto está acontecendo com cada vez mais freqüência. Quando um membro da equipe da Melnick foi questionado sobre a aplicação do estudo de Impacto de Vizinhança, disse que iria cumprir qualquer limitação de construção resultante, com prazer.

Estas leis federais foram formuladas para oferecer proteção para todos os cidadãos para garantir consistência na qualidade de vida, mas o problema mais agudo para Melnick, alem do ‘probleminha’ duma espécie de palmeira tombada que foi acidentalmente derrubada, é a questão de uma árvore centenária da espécie Nogueira Peca, que foi tombada pelo decreto numero 6269 em 1977´. A única maneira para um ‘destombamento’ acontecer é se uma arvore tombada está com sinais de doença ou se sua remoção estiver nos interesses públicos. Este empreendimento vem do setor PRIVADO.

A empresa Melnick forneceu seu próprio estudo da arvore Nogueira, alegando que estava com sérios problemas de saúde. O movimento ‘Cidade Baixa Vive’ pediu para a SMAM fazer seu próprio laudo com seus biólogos. Resultado: Todas as árvores no terreno da construtora foram encontradas em estado de plena saúde, isto acrescentado na vistoria feito pelo biólogo,Evandro César Bergel.

Foi proposta pela Melnick um transplantação da Nogueira na reunião do dia 23 de dezembro de 2008 com o Ministério Público, onde o representante da SMAM disse que com uma arvore centenária, como a Nogueira, não tinha garantia nenhuma de sua sobrevivência, considerando sua idade e porte e que uma transplantação com estes fatores nunca foi feito antes. Alem disso, o relatório de vistoria preparado pelo Biólogo, Evandro César Bergel, e apresentado dia 11 de dezembro para O Promotor de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, também escreveu, “Para fora do terreno não é viável, devido ao tamanho da árvore”, e também, “O transplante para outro lugar dentro do terreno exigiria muito cuidado técnico, o que não garantiria a sobrevivência da árvore. Não se tem conhecimento de transplante de exemplares adultos desta espécie no Rio Grande do Sul, de modo que não há elementos para se fazer um prognóstico com relação ao êxito de eventual transplante. Ainda que a árvore sobreviva, as podas de raízes, provavelmente necessárias para o transplante, poderiam causar um aumento dos problemas fitos sanitários”.

Considerando estes fatores, seria muito irresponsável para o Ministério publico aceitar qualquer proposta do Melnick para um transplante.
Juliano Melnick disse que eles querem ‘colaborar com a qualidade de vida do bairro’. É preciso lembrar que representantes da Melnick fizeram visitas de casa em casa nas ruas Alberto Torres e Luis Alfonso, propondo a compra das casas. O que foi falado para um proprietário foi o seguinte: ‘Seria melhor vender sua casa para nos, porque, quando nosso empreendimento estiver completo, sua casa vai ficar na sombra e vai criar mofo e vai ser difícil vender depois’.

Juliano Melnick acrescentou que, em consideração do fato que existe vários prédios considerados de ‘interesse cultural na região, empreendimentos de vulto serão raros’, mas isto não impediu representantes do Melnick fazer estas propostas de compra de casas listadas. Se empreendimentos de vulto serão raros, seria prudente a ficar de olho nas áreas ocupadas pelo Olaria (shopping do cinema Guion), Zaffari e do bar ‘Pingüim’, todos na Rua Gen. Lima e Silva.

Ele fez referencia aos prédios ‘maravilhosos’ do Paris de quatro andares mas, no mesmo tempo, condenou-os como ‘insalubres e caros’ e ainda destacou que este ‘detalhe’, “deve ser discutido pela população de Porto Alegre”. Alem de condenar a maioria dos prédios do paris, está condenando todos os países europeus que tem, em sua maioria, prédios deste comporto. Ele lamenta que Porto Alegre, “seja a cidade que mais dificulta a construção dentre as maiores do País”. Mas podemos recolocar isto e dizer que ‘Graças a Deus’, Porto Alegre é uma das cidades cuja sua população tem a consciência acordada’.

Dentro da hipótese do Sr. Juliano, o que seria o ideal para o futuro de Porto Alegre? Uma floresta de espigões? – Mas agora foi lembrado, O Sr. Melnick corrigiu nossa definição: “ Espigão é mais de 50 andares e não 19 como serão este, na Lima e Silva”. Talvez ele prefira chamar seu empreendimento apenas de ‘espiga’ ou ‘espiguinha’ . Para quem mora em casas de dois andares na vizinhança, a definição desta palavra popular é uma questão relativa.


Escrito por: Phillip de Lacy White, coordenador do Cidade Baixa VIVE.

Matéria publicada no Jornal João Pessoa


Empresário garante que o projeto na Lima e Silva está cumprindo as leis

“As pessoas precisam entender que nós estamos chegando para colaborar com a qualidade de vida do bairro”. Assim, o gerente comercial da Even Melnick, Juliano Melnick, rechaça algumas queixas de moradores de Cidade Baixa frente ao empreendimento proposto por sua empresa na Rua Lima e Silva, frente ao Shopping Olaria. “Todas as exigências legais dos órgãos públicos foram atendidas”, reforça o empreendedor, ao ressaltar que “a comunidade em geral deve discutir na Câmara Municipal a cidade na qual quer morar”.
Melnick lembra do caso da cidade de Paris. “Acho maravilhosos aqueles prédios no padrão de quatro andares, mas são insalubres e caros. Um apartamento custa mais de 800 mil euros”, destaca. Para ele, esse é um detalhe que deve ser discutido pela população de Porto Alegre, que, segundo Melnick, é a cidade que mais dificulta a construção dentre as maiores do País. Lembra que, no passado, o gestor público optou por demandar hoje o que se segue na cidade, de avançar bairros, ao invés de abrir caminha para outros lugares, com vias expressas, equipamentos urbanos e saneamento.
O empresário enfatiza que a pretensão de seu empreendimento é de “valorizar” a Cidade Baixa. “Discutir a altura de prédios é uma questão de gosto, já que a ocupação do espaço urbano é o mesmo”, explica, salientando que o metro quadrado construído é correspondente e, por sua vez, de moradores, independentes do numero de andares do edifício, conforme determina o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (PDDUA). E ironiza: “Espigão é mais de 50 andares e não 19 como será este, na Lima e Silva”.
Juliano Melnick explica, ainda, que o empreendimento não está embargado. “O que houve foi um probleminha, com uma arvorezinha, quando a máquina estava trabalhando, na construção do estande. Explicamos o acidente para a SMAM, que verificou que a árvore não era o objeto de preservação e, mesmo assim, aumentamos as contrapartidas”, garante. Para a construção do prédio, que vai ter 3.064m², ocupando uma área de 4.400m², 194 apartamentos em 19 andares, a Even Melnick propôs a fornecer mais 60 mudas nativas, sendo 20 plantadas no próprio terreno, criar um túnel-verde com 56 mudas de Ipê ao longo da Lima e Silva e transplantar a Nogueira para a frente de onde se localizará o prédio, numa praça com mais três mudas da mesma espécie. “É normal que as comunidades mobilizadas, como a Cidade Baixa, assim como o Moinhos de Vento, Menino Deus e outros, se contraponham a investimentos como este, mas basta buscar informações corretas para mudar de posição”, sentencia Juliano Melnick, para quem a Cidade Baixa é privilegiada: “o fato de haver vários prédios considerados de ‘interesse cultural’ (tombados) e serem os terrenos, em sua maioria pequenos, empreendimentos de vulto serão raros na região”, finaliza o empresário.

TEXTO EM DESTAQUE

No momento, o terreno localizado na Lima e Silva, em frente ao Shopping Olaria, abriga um estande de vendas, uma garagem e uma Nogueira centenária, que forneceria a alimentação a uma bando de papagaios. Segundo a Fundação Zoobotânica, no entanto, esta espécie é originária da Amazônia, tendo sido solta em Porto Alegre por alguém, tendo se adaptado ao nosso clima. A informação dá conta, ainda, que o grupo de aves recebe alimentação todos os dias no Jardim Botânico.

TEXTO ABAIXO DA FOTO

Juliano Melnick lembra que há controvérsias entre laudos da Prefeitura quanto ao estado de saúde da Nogueira, que estaria apresentando sinais de apodrecimento de suas raízes.

domingo, 14 de junho de 2009



Matéria no jornal Correio do Povo mostra o descontentamento dos moradores do bairro...


Moradores do bairro Cidade Baixa realizaram protesto, neste sábado, em frente ao local onde uma construtora pretende erguer um prédio de 19 andares, 194 apartamentos e 12 lojas. O britânico Phillip White, 47 anos, professor de inglês, coordenador do Cidade Baixa Vive, afirma que, apesar de a obra permanecer embargada por uma serie de problemas, a empresa continua vendendo os imóveis. "É importante que a população saiba que, se concluído, esse projeto irá descaracterizar o bairro, causando prejuízos ao trânsito, aso moradores e ao meio ambiente" enfatizou.
De acordo com White, o empreendimento não deveria ter recebido licença ambiental. "Há uma serie de problemas, como as árvores tombadas que se encontram no terreno." White acrescentou que o Ministério Público deverá propor nos próximos dias o transplante da nogueira-pecã do terreno. No entanto, ele afirma que não existe nenhuma garantia de que a árvore irá sobreviver se passar por esse processo.
Felipe Amaral, 32 anos, ecólogo e integrante da ONG Instituto Biofilia, acredita que a construção vai gerar conforto para poucos e desconforto para a maioria. "O trânsito já é caótico. Se essa obra for adiante, a Cidade Baixa se tornará intransitável. É um bairro que existe para a cidade inteira. Não comporta um empreendimento como esse", observou.

Simone S. Lopes, Correio do Povo, 25/05/2009